miércoles, 4 de abril de 2012

BRASIL: LOTAÇÃO ESGOTADA

Por *Davi Castiel Menda

Prepare-se para levar um susto: diariamente entram em circulação no Brasil cerca de 12.000 automóveis. A cidade de São Paulo é responsável por 10% do aumento dessa frota; em Porto Alegre este número varia entre 80 a 100 veículos.
Considerando o gigantismo territorial de nosso país, pode não parecer muito, mas, conhecendo a deficiência e carência da nossa malha urbana e sistema viário, é um número acaçapante. Para que nossas ruas e estradas não sofram um colapso, é necessária a construção, diariamente, de 54 km de estradas ou ruas. Ou, numa projeção mais preocupante, 1.620 quilômetros mensalmente! Sabemos, de antemão, que é muito pouco provável que isso aconteça e, a tendência é, que a cada dia, cada hora, cada minuto, mais e mais engarrafamentos ocorram, demorados, custosos, enervantes e, pior ainda, sem solução à vista.




São Paulo vem tentando há muito tempo contemporizar sua frota de sete milhões de veículos através de um sistema de rodízio, em que os veículos, num determinado dia da semana, não podem circular no chamado centro expandido, nos horários de pico. Para que os leitores não pensem que a questão é exclusivamente nossa, em Londres paga-se um pedágio caríssimo para circular de carro no centro. Portanto, a questão tem uma abrangência bem maior: é mundial.
E este problema poderia agravar-se sobremaneira no nosso país, pois a carga de impostos que recai sobre os automóveis é, provavelmente, uma das maiores do planeta. Informações extra-oficiais nos dão conta de que, se o Governo rebaixasse esses impostos, acrescida da política de venda com prazos estratosféricos, praticamente, todas as camadas sociais – excetuando-se os pobres, pobres mesmo - teriam condições de adquiri-los, e então seria o caos.


HOSPITAIS

INDÍCIOS DE UM FUTURO NADA PROMISSOR

Segundo a Rede Bahia de Televisão, apesar da previsão em movimentar mais de US$ 600 milhões de dólares nos próximos dez anos (o que dá a dimensão exata do mercado de hospitais e clínicas do Brasil), especialistas do setor hospitalar não se cansam de afirmar que o sistema de saúde no País está imerso em uma grande crise e que pode levar, brevemente, todo o modelo ao colapso. E os indícios desse futuro nada promissor são evidentes: de um lado, usuários sem recursos para pagar os planos de saúde e do outro, as operadoras sem conseguir reajustar os preços para adequar seu faturamento aos custos com a assistência.

No meio disso tudo, o governo, que não tem orçamento necessário para assumir o princípio constitucional de que saúde é direito de todos e dever do Estado – e ainda hospitais e médicos que, ao não receberem o preço justo pelo serviço que realizam, de um modo geral, ficam endividados ou não prestam o serviço de forma adequada.

De acordo com números da Federação Brasileira de Hospitais, há no Brasil, atualmente, cerca de 6.900 hospitais, dos quais 66% são privados e os outros 34% públicos. Numa divisão simples entre a quantidade de habitantes do país, pelo número de hospitais, chegaremos a um quociente em que é necessário um hospital para cada grupo de 28.000 brasileiros. Respeitando esta proporção e considerando os milhares de novos bebês que nascem diariamente, seria necessária a construção, para suportar a demanda, de um novo hospital a cada seis dias. E todos nós sabemos que a realidade brasileira é - triste e exatamente - o contrário: ao invés de serem gerados novos hospitais, o que assistimos é o fechamento desses estabelecimentos.

DEMOGRAFIA BRASILEIRA



A população brasileira, num determinado momento do dia 1º. de abril de 2012, deverá atingir 194.545.700 habitantes(1). E esse número, para felicidade das indústrias alimentícia e farmacêutica (cujos capitais se confundem), não para de crescer: a cada dia são mais 5.136 novos brasileirinhos (já descontados os óbitos). Até recentemente, as taxas de natalidade no Brasil eram elevadas, em patamar similar ao de outros países subdesenvolvidos. Contudo, houve sensível diminuição nos últimos anos, que pode ser explicada pelo aumento da população urbana — já que a natalidade é bem menor nas cidades, em consequência da progressiva integração da mulher no mercado de trabalho — e da difusão do controle de natalidade. Além disso, o custo social da manutenção e educação dos filhos é bastante elevado, sobretudo no entorno urbano.

Mesmo com essa diminuição dos índices de natalidade, são mais cinco mil pessoas que, diariamente, precisam alimentar-se, habitação, colégios, hospitais e de água potável; enfim, viver em condições dignas. (Não esqueçamos que todo esse pessoal irá gerar todos os dias mais 25 toneladas de lixo ao que já é produzido!)

EDUCAÇÃO

A Educação no Brasil é uma preocupação nacional, tanto politicamente quanto em outros segmentos da sociedade. Embora a Constituição Federal declare, a exemplo da saúde, ser a educação dever do Estado e direito de todos e, apoiado pela nova Lei de Diretrizes e Bases, ela segue em passos lentos rumando em direção a uma melhor qualidade de ensino. Essa preocupação verifica-se em todos os níveis de ensino e, principalmente, no médio e fundamental.

Atualmente a quantidade de escolas no país (creche até EJA – Escola para Jovens e Adultos) é 193.047. Novamente, vamos efetuar a divisão entre crianças e jovens nessa idade escolar (aproximadamente 50% da população) encontraremos como quociente em torno de 500 alunos por escola. Ou seja, considerando o número de nascimentos diários, é necessária a construção de 10 escolas – todos os dias – para suprir esta demanda. Temos dúvidas de que esta meta seja cumprida...

ÁGUA POTÁVEL

Segundo Ronaldo Decicino, a «água potável» é um recurso finito, que se espalha em partes desiguais pela superfície terrestre. Se, por um lado, seu ciclo natural responsabiliza-se pela sua manutenção, tornando-a um recurso renovável, por outro, suas reservas são limitadas.

A quantidade de água doce produzida pelo seu ciclo natural é hoje, basicamente, a mesma que em 1950 e deverá permanecer inalterada até 2050. Essencial para a vida, a água doce tornou-se um problema em todos os continentes. Preocupar-se com a escassez desse precioso líquido em um planeta que tem 75% de sua superfície coberta por água, parece absurdo. No entanto, a maior parte desse volume encontra-se nos mares e oceanos - água salgada, imprópria para o consumo humano e produção de alimentos. Apesar de ¾ da superfície do planeta ser recoberta por massas líquidas, a água doce não representa mais do que 3% desse total. Apenas um terço da água doce - presente nos rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e atmosfera - é acessível. O restante está concentrado em geleiras, calotas polares e lençóis freáticos profundos.
Do jeito que a falta d'água se agrava no planeta, a alternativa pode ser... importar icebergs. Hoje, a operação tem qualquer coisa de mirabolante. É muito cara. Mas é viável. Do mesmo jeito que reboca massas de gelo, para longe das plataformas de petróleo, a engenharia naval poderia transportar icebergs para regiões que sofrem com a seca.


TAXA DE FECUNDIDADE

Entre tantas más e caóticas previsões, a boa notícia é que, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa média de fecundidade no Brasil registrou 1,94 filho por mulher em 2009, semelhante a dos países desenvolvidos, e abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher – duas crianças substituem os pais e a fração 0,1 é necessária para compensar os indivíduos que morrem antes de atingir a idade reprodutiva. Esse índice sofre variações, caindo entre as mulheres de etnia branca e elevando-se entre as pardas; em geral, a população parda concentra-se nas camadas menos favorecidas social e economicamente, levando-se em conta a renda, a ocupação e o nível educacional, entre outros fatores.

CONTRACEPÇÃO E SUPERPOPULAÇÃO

Está na hora dos políticos brasileiros (e do planeta de maneira geral) pensarem em contracepção como modo de controle da superpopulação a caminho! A população humana vai ultrapassar já já os sete bilhões de habitantes e, por conseguinte, os grupos favoráveis ao controle de natalidade, acreditam que há a necessidade de planejamento social para destruir a explosão demográfica, diminuindo desta forma a devastação e esgotamento dos recursos naturais, e do meio ambiente. Mais habitantes no mundo, causariam níveis mais elevados de emissão de CO2, que alteraria a composição da atmosfera, aumentando o aquecimento global.
O problema, é que controle de natalidade sempre foi visto como uma atitude antipática e a longo prazo, componentes que não dão ibope e muito menos votos. É lamentável, pois poderiam salvar o mundo do jeito que o conhecemos.


BRASIL - O PAÍS DA COPA

Ah, íamos esquecendo, esse é o retrato do país que sediará e patrocinará a próxima Copa do Mundo em 2014. E, por mais que pesquisássemos, nos mais variados sites do governo - principalmente o do Ministério dos Esportes - ninguém sabe, prevê ou imagina qual será o custo desta Copa. Uma coisa podemos garantir: será um valor com muitos, mas muitos zeros! Isto faz lembrar um curtíssimo ditado judaico, «D-us proverá!», quando temos um problema de difícil solução pela frente e, esperamos por um milagre. Para encerrar, o mínimo que o Governo Federal deveria, por isonomia, ética e coerência,seria aplicar semelhantes recursos na Educação e na Saúde. Pelo menos, sobraria algo palpável e de bom no day after.



(1) A população mundial, em 18.3.2012, às 16.49hs, era de 6.982.045.782 de habitantes, e as projeções indicam que atingiremos 7 bilhões em julho deste ano de 2012.

Davi Castiel Menda
Fotos: El Djudió
Posted by Mário Rozano


*Jornalista, escritor, Presidente do Centro
Hebraico Rio-Grandense e editor da Revista El Djudió

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