miércoles, 26 de diciembre de 2012



 



Flair: novidade vista nos hipódromos brasileiros, aguarda liberação da Comissão de Corridas do Jockey Club Brasileiro


Por mais que se mantenham princípios e ideias basilares de outrora, o mundo turfístico não passa ileso pelas grandes transformações ocorridas ao longo do tempo, em seu entorno. As vitórias seguem sendo o grande norte de toda a atividade, porém os meios para a sua obtenção vêm sofrendo consideráveis transformações.





As aparelhagens utilizadas por treinadores nas corridas, e as cada vez mais sofisticadas e extensas técnicas desenvolvidas pelos veterinários, representam, talvez, a parcela mais percecptível de tais mudanças. Afinal de contas elas estão ali, no olho dos turfistas e apostadores, justamente no momento chave do esporte, que é o da competição. Quase que como um ponto de conversão entre estes dois segmentos, os adesivos nasais, mais conhecidos pelo nome da fabricante do produto, a Flair, surgiram há pouco mais de dez anos, e desde então vêm tendo a sua utilização disseminada por todas as partes do mundo – inclusive, por óbvio, no Brasil.



I’ll Have Another venceu o Kentucky Derby utilizando o Flair

Engana-se, porém, quem pensa ser o Flair a versão “equina” dos adesivos semelhantes, utilizados por atletas humanos. Os aparatos apresentam uma considerável diferença entre si, sendo que o Flair sequer pode ser chamado de dilatador nasal, conforme elucida à reportagem o médico veterinário, Alexandre Dornelles. “O Flair não atua como um dilatador nasal, pois diferentemente do adesivo humano, ele não é colocado na narina, e sim um pouco acima – onde existe um colabamento da pele por uma pressão negativa no momento da respiração. Então, o que o Flair faz é diminuir o efeito deste colabamento, e não dilatar a narina do animal”, explica. Utilizado em larga margem no exterior, o Flair foi desenvolvido, nos Estados Unidos, pelo médico veterinário Jim Chiapetta, que é, aliás, o proprietário da própria Flair LLC, responsável pela fabricação e distribuição dos adesivos.


Dornelles é quem responde pela assistência veterinária prestada aos animais do Haras Santa Maria de Araras, em treinamento no Rio de Janeiro. Recentemente, um defensor da coudelaria – no caso o potro Award Winner – venceu uma corrida no Jockey Club Brasileiro competindo com o Flair. Após tal exibição – que por sinal, resultou numa facílima vitória sua – a Comissão de Corridas do Jockey Club Brasileiro suspendeu a utilização do Flair em suas corridas, para fins de análise por parte dos próprios comissários acerca do produto. “Com relação ao Award Winner, foi uma feliz coincidência. Este é um dos nossos melhores potros, que apesar de sempre trabalhar bem era portador de um problema – descoberto e solucionado por nós. Então, nesta exibição ele veio a mostrar todo o seu potencial. No dia da corrida fez um calor absurdo, e nisso resolvi utilizar o Flair, para lhe dar um maior conforto. Da maneira como ele ganhou, no entanto, chamou atenção para a utilização do Flair – mas posso garantir que não foi o Flair que fez ele ganhar daquele jeito”, ratifica Dornelles. O profissional esclarece, ainda, que havia entrado em contato com um representante do próprio JCB antes de fazer uso do Flair. “Acho importante comunicar que solicitei autorização a uma pessoa influente da gestão do JCB, e a mesma foi concedida. Depois, houve um mal entendido e uma falta de comunicação entre algumas pessoas do JCB, mas sem dolo. Foi apenas um grande mal entendido”, completa Dornelles.


Animal em Cidade Jardim competindo com o Flair

E há, evidentemente, no topo de toda a discussão, a clássica indagação: seria, ou não, o Flair uma modalidade de doping? Segundo Dornelles, a resposta é negativa. “Penso que o Flair não pode ser considerado doping pelos seguintes motivos: o doping se dá por uma substância química ou meio físico, e o Flair não se encaixaria, para começo de conversa, em nenhuma dessas categorias. O Flair não possui substância química, não se trata de um meio físico – como o ultra-som, laser, magneto, ondas curtas, shock wave etc. - muito menos outros meios que poderiam causar uma analgesia temporária, colocando em risco a integridade física dos nossos atletas. Portanto, o Flair não pode ser considerado doping. Além disso, li dezenas de trabalhos sobre o Flair antes de utilizá-lo, e apenas um apresentava comprovação científica – e sendo assim, foi o único que me interessou. Este trabalho atestou cientificamente que não há aumento na absorção de oxigênio, na produção de hemoglobina, ou ainda alteração no Ph sanguíneo do cavalo com a utilização do Flair. Portanto, não há aumento de performance. Eu utilizo o Flair apenas acreditando que o impedimento do colabamento citado traga um conforto maior para os meus pacientes, principalmente no clima do Rio de Janeiro. E se existe algum benefício principal neste produto, acredito ser a prevenção, ou então uma possível diminuição na intensidade da hemorragia pulmonar provocada induzida por esforço. Enfim, tenho certeza que devido ao bom senso da CC, a liberação do Flair será questão de tempo, pois temos de ter um turfe ’para frente’, e não podemos abrir mão da teconologia em prol dos nossos atletas”, concluiu Dornelles.

Ainda que por ora vetado nas competições da Gávea, o Flair já tem a sua utilização vista em outros hipódromos brasileiros, inclusive no de Cidade Jardim. Frise-se, no entanto, que no caso do prado paulista, houve uma consulta à Associação Brasileira dos Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida sobre o aparato, e a entidade liberou a sua utilização tão logo foi concluída a análise técnica competente - seguindo o posicionamento favorável ao Flair de outras entidades, tais quais a F.E.I. e a American Quarter Horse Association. Nas corridas realizadas em Maroñas, no Uruguai, também há um vasto uso do produto, pelos treinadores locais.

Confira o vídeo acima - TVG NASAL STRIP Feature - sobre o aparato.


Da Redação
Site Raia Leve
Posted by Mário Rozano

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