martes, 25 de diciembre de 2012

UMA PERDA PARA AS ARTES PLÁSTICAS DO BRASIL, MORRE NO RIO DE JANEIRO MARIA LÍDIA MAGLIANI

 
 
 
MAGLIANI
 
Sob a minha cabeceira repousa um quadro - pequeno -pintado em papelão. É um quadro escuro, em vermelho e negro, apenas essas duas cores. Que modo sintético e estranho para alguém enviar "uma mensagem"....Não existe figura mas apenas um soutien negro que parece óculos que aprece duas beringelas que parece nada...o fundo vermelho projeta com uma certa violência essa imagem intitulada "Objeto discreto-maiúscula"...
 
Esse quadro, e agora mais que nunca é a presença solitária de Magliani em minha casa. Perfeito, coerente com seu pensamento e linha de vida. Ela jamais abriu mão de sua solidão, muitas vezes -comprovadamente - criativa e outras que até podemos advinhar pois era sua escolhe e a isso, respeite-se. Ética, digna, sem fazer concessões, sobreviveu a uma vida dura no Rio de Janeiro. Morreu sozinha num hospital da Tijuca. Tivemos ua amizade bastante duradoura - desde 1965 - até estes últimos dias. Lembro que há pouco mais de um mês discuti (feio e de modo agressivo) com ela porque queria forçá-la a passar alguns dias em Porto Alegre para fazer uma operação (ela era cardíaca e teimosa, fumava) que inventara de adiar...daí a minha indignação porque uma operação no coração não se adia!!!
 
 
Cult em vida, Magliani teve sempre muitas e boas amizades como a dedicada pelo artista plástico conterrâneo Júlio Castro com quem dividia muitas tarefas artisticas no Atelier 19, muitas delas no exterior. como fizeram na França e na Bélgica e mais recentemente em Porto Alegre através do marchand Sergio Lewgoy, a pessoa que mais apoiou o talento de Magliani nos últmos anos em Porto Alegre. Bravos Sergio!!! Sei que não estou sozinho nesse momento tão delicadoquando perdi uma legítima irmã da vida. Obrigado Júlio Castro, Cacaio Praetzel, Cida Moraes, Raquel Campani, Fernando Duval, Aida Ferraz, Anete Abarno, Paulo Gasparotto, Claudinho Pereira, Sergius Gonzaga, Juarez Fonseca, Sepé Tiarajú Silveira de Souza, morreu uma estrela da nossa geração...perdemos uma estrela e penso que por isso o meu quadro ganhará mais luz, intensidade. A vida não se encerra. A vida permanecerá na obra da pintora Maria Lídia dos Santos Magliani e para isso ela existiu.
 
Renato Rosa.
Rio, 22 de dezembro, 2012.
 
Morreu na noite desta sexta-feira, no Rio de Janeiro, a artista plástica Maria Lídia dos Santos Magliani.
Natural de Pelotas, Magliani, como era conhecida, tinha 66 anos e estava radicada no Rio de Janeiro desde o final da década de 1990.
O velório será realizado a partir das 10h deste sábado, na capela oito do Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. O enterro está previsto para as 14h.
Segundo o amigo e também artista Julio Castro, Magliani, que era cardiopata, foi internada na tarde de ontem com uma infecção na vesícula. Por volta das 20h30min, sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.
Pintora e desenhista, Magliani formou-se em Artes Plásticas em 1966 pela Escola de Artes da UFRGS, onde estudou com Ado Malagoli. No mesmo ano, fez sua primeira exposição, de grande impacto no meio das artes visuais. Ao longo dos anos, firmou-se como uma das artistas gaúchas de maior alcance, por meio de um trabalho com forte engajamento feminista.
- Ela tem um fato que acho interessante ressaltar nessa hora: foi a primeira mulher negra a formar-se na antiga escola de artes da UFRGS -ressalta o marchand Renato Rosa. -Sempre digo que Caio Fernando Abreu e a Maria Lídia Magliani são as estrelas de uma geração. Por um acaso da vida, ela foi uma das musas inspiradoras do Caio -lembra Rosa, sobre a amiga a quem o escritor gaúcho dedicou grande parte de sua obra.
Como ilustradora, Magliani fez trabalhos para Zero Hora e para a Folha da Manhã, além de ter criado capas de livro e cartazes. Em 1980, mudou-se para São Paulo, e anos mais tarde, para Minas Gerais, mas nunca deixou de retornar ao Rio Grande do Sul.
Em novembro, Magliani e Julio Castro expuseram trabalhos na Casa da Gravura, em Porto Alegre. Nos últimos anos, a artista trabalhou com Castro e outros artistas no bairro carioca de Santa Teresa.

Posted By Mário Rozano
Fotos: Julio Castro e Renato Rosa

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