HIPÓDROMO DO CRISTAL
A pista é delas
Nove mulheres disputarão o II Torneio de Joquetas das Américas, dentro da programação do Ladies Day a partir das 16h no Hipódromo do Cristal
Elas emprestam graça e sensibilidade a um universo quase todo masculino, do trato aos cavalos aos guichês de apostas. A maquiagem, as botas de salto fino e os acessórios para os cabelos pesam um pouco mais nas bolsas, que carregam, também, os chapéus, botas, calças e camisas coloridas, utilizados na montaria.
Hoje, dos 10 páreos previstos para a reunião do Jockey Club do Rio Grande do Sul, no Hipódromo do Cristal, a partir das 16h, quatro são exclusivamente femininos, no II Torneio de Joquetas das Américas. Os páreos no Ladies Day, em sua 10ª edição na Capital, homenageiam mulheres gaúchas como as misses Rafaela Zanella e Deise Nunes.
Nove joquetas disputarão o troféu, que será dado a quem obtiver a melhor pontuação nos quatro páreos. Uma delas é a carioca Marcelle Martins, 19 anos. Recuperada de uma lesão – Marcelle quebrou a perna direita em uma queda durante uma corrida no Hipódromo da Gávea, onde monta –, a joqueta está ansiosa para voltar à cancha. Há um mês ela apenas treina.
Com 1m53cm e 49 quilos, Marcelle garante que não tem problema para manter o peso, uma das condições para quem exerce a atividade.
– Como de tudo e só treino pela manhã. É uma sorte! – diz Marcelle (Foto).
Já a americana Janice Blake, que também disputará o título hoje, afirma que o fato de ser vegetariana ajuda bastante a manter “tudo no lugar”. Na Capital desde o início da semana, Janice tem treinado no Cristal. A joqueta de 40 anos já venceu 160 corridas e precisou aprender a conviver com os homens e até a se comportar de uma maneira que ela considera menos feminina para viver do que sempre quis: montar cavalos.
– Foi difícil entrar em um mundo bem masculino. Nos Estados Unidos, também é raro ver joquetas. Eu tinha uma expectativa mais positiva, mas tive que mudar. As corridas estão cada vez mais profissionais e, emocionalmente, é difícil – conta Janice (Foto).
Nesse mundo dominado por homens, a atual campeã do torneio, a gaúcha Lu Andrade (Fotos), 22 anos, se destaca. Ela é casada com um proprietário de cavalos, o que a deixa mais confortável na convivência com os adversários. Segundo ela, quem vive fora dos hipódromos, às vezes, não consegue compreender muito bem a proximidade entre as joquetas, os jóqueis e tratadores, o que poderia causar complicações em um relacionamento.
Além dos quatro páreos em que competirá com mulheres, Lu montará em algumas corridas com homens, já que corre no próprio Cristal:
– Com os homens não tem moleza. Quando eles querem vencer, apertam mesmo, podem até te derrubar. Mas eu já estou acostumada com eles.
A ansiedade de defender o título fez com que ela intensificasse os trabalhos. Mas Lu conta com outro fator.
– A questão toda é a sorte. É preciso pegar bons cavalos no sorteio. Esse ano vai ser bem mais difícil ganhar, por causa das competidoras. E acho que eu também já fui um pouco mais sortuda (risos) – diverte-se a joqueta.
Josiane Gulart
Jornal Zero Hora
Natália Leal
Fotos: Bruno Alencastro (ZH), João Cota (JCB), Betta Fernandez
Posted by De Turfe Um Pouco
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